O prazer de viajar o mundo, conhecer novos lugares, novas culturas, viver novas experiências é indescritível.
Fazer tudo isso ajudando a transformar o mundo de alguma forma é ainda mais prazeroso.
Se cada um fizer sua parte, um pouquinho, podemos mudar o mundo e transforma-lo em um lugar melhor.
Esse é o caso da Letícia Mello, uma jovem gaúcha de 27 anos que passou seis meses viajando pelo sudeste Asiático.
Idealizadora do Do For Love Project, Letícia mudou o sentido das suas viagens que até então era apenas a turismo e decidiu dar um propósito especial á elas. Viajando pela Tailândia, Vietnã, Camboja e pouca grana, fazendo trabalhos voluntariados em troca acomodação e alimentação, Leticia teve a possibilidade de viver a vida de um morador local e então sentir que eu realmente estava ali por um propósito e de fato ajudando de alguma forma as pessoas mais carentes da região.
“A ideia da viagem não surgiu da noite pro dia. É engraçado dizer isso, mas quando a ideia se concretizou, eu sabia que eu já queria isso a muito tempo, só demorei para chegar a essa conclusão. Precisei passar por muita coisa para encaixar as peças e entender que essa era a ideia e esse era o momento.
A ideia do Projeto nasceu de muita reflexão, em um momento que eu estava me sentindo muito perdida. Em Abril de 2013 eu visualizei a viagem, o projeto e os voluntariados. Pouco tempo depois já tinha reservado as passagens para embarcar no meu sonho no dia 9 de Junho de 2013.
Enquanto planejava esse projeto, dentro de mim eu tinha uma certeza: nem que fosse por um período curto de tempo, eu queria viajar o mundo como estilo de vida, eu queria não ter casa, eu queria ver tudo o que a vida me permitisse, eu queria conhecer pessoas e realidades diferentes, eu queria ver e sentir, eu queria ajudar a quem precisasse, eu queria trabalhar sem ser por dinheiro, eu queria mais, muito mais, era uma vontade insaciável do desconhecido.”
E porque viajar sozinha?
“A busca pelo auto-conhecimento só acontece quando você tem que enfrentar a vida por você mesmo. Hoje eu vejo como os perrengues que passei sozinha nessa viagem foram importantes para o meu crescimento. Tive meu passaporte e dinheiro furtados no meu primeiro dia de viagem. Essa cena se repetiu menos de dois meses depois, mas dessa vez levaram minha bolsa com TUDO, incluindo meu celular. Ou seja, pobre e incomunicável. E vejo claramente, que estar sozinha em situações como essas, me trouxeram um puta de um aprendizado. Eu tive que me virar, não tinha ninguém pra me ajudar, não tinha ninguém pra fazer por mim.“
São pessoas como Leticia que devemos tomar como exemplo. Ela deixou de lado todo o medo, conforto, luxo para fazer algo bom a quem necessitava, em troca apenas de alimentação e acomodação.
Nós do VaiMesmo viramos fã.
Tailândia
A viagem começou em Junho de 2013, com uma parada de 3 dias e meio em Amsterdam, Leticia seguiu sozinha para Bali onde ficou 10 dias em seguida Bankok para então dar início do projeto Do For Love.
“Foi a minha primeira vez na Europa e eu adorei a cidade, o meu programa favorito era me perder de bicicleta pelas ruas. Segui viagem para Bali, onde eu fiz
questão de adicionar esse stop de 10 dias. Fiquei apaixonada quando fui a primeira vez e decidi que queria voltar para conhecer mais. Eu aproveitei muito,
conheci outras ilhas, descobri praias novas, andei de scooter pra todo lado, tomei Bintang e matei a saudade de ver o sorriso dos locais.“
Assim que chegou em Bankok Leticia teve sua carteira furtada (ótima primeira impressão, né).
Foram quase dois meses lá em um pequeno vilarejo, ela pode dar aulas de inglês em diferentes escolas, desde bebês até adolescentes. Em seguida ela teve a oportunidade de dar aulas para os policiais do vilarejo, para agricultores e para crianças monges em uma escola budista.
“Eu amei esse voluntariado porque eu vivi muito de perto com os locais. Eu morava com professoras tailandesas, ou seja, eu fazia tudo como elas: tomava café-da-manha no chão sob uma esteira, tomava banho de caneca, dormia em um colchonete fininho coberto com uma rede de proteção contra mosquito, almoçava a mesma comida que eles na escola, andava de bicicleta com meus alunos no final do dia. Eu era tratada como parte da família, eles cuidavam muito de mim e mesmo que tivessem muito pouco, sempre me davam o melhor que tinham.“
Se engana quem pensa que a vida da Leticia foi fácil durante a sua viagem.
Pouca gente falava inglês, isso dificultou a vida dela e ao mesmo tempo a fazia sentir-se solitária.
Foi então que ela decidiu seguir viagem para o Camboja, não sem antes ser furtada novamente.
Camboja.
A ida da Tailândia para o Camboja já começou enrolada.
Leticia estava sem celular, com o dinheiro comprometido pois havia sido roubada e para seu azar perdeu o ônibus que havia programado a pegar, a obrigando a pegar outro que não levou para onde deveria.
Depois de muitas horas de viagem chegou a fronteira do Camboja e foi ajudado por um Alemão que se tornaria seu amigo, coincidentemente ele era morador de Sihanoukville, justamente a cidade de destino da Leticia.
Hospedou-se de favor na casa do Alemão que acabará de conhecer, no dia seguinte
“…No outro dia eles me deixaram no centro da cidade. E lembro que saquei o resto de dinheiro que eu tinha para pagar o taxi que tínhamos dividido na noite anterior. Naquele momento eu estava sozinha, sem dinheiro (porque tinha sido furtada e o dinheiro do Brasil ainda não estava disponível no cartão) e sem um lugar para dormir. Lembro que tinha os últimos $10 dólares em um cartão e fui no único mercado que aceitava cartão comprar água, banana e pão. Fiquei mais de 24 horas sem nenhum dinheiro e mais uma vez pessoas incríveis estavam lá para me ajudar.“
Leticia havia planejado voluntariar na ilha Koh Rong, o lugar era incrível, praias lindas, isolado do mundo e sem eletricidade a noite.
Porém como a cidade era turística muitos moradores e as crianças já tinham contato com a língua Inglesa e com outras culturas, então desistiu da ideia e partiu para Siem Reap* onde trabalhou voluntariando por 1 mês.
“Era tudo muito básico e lembro que muitas noites não dormia com o barulho dos ratos no teto. Sofria com o calor também. As crianças cambojanas eram mais difíceis de lidar que as tailandesas e eu tive que me adaptar em classe. Eu precisava andar pelo meio das plantações de arroz para chegar na escola, mas toda vez que chegava lá, eu entendia o porque de estar ali. Tudo fez ainda mais sentido quando, com a ajuda de doações de amigos e conhecidos, foi possível construir uma casa ali no terreno da escola que se chama “Home of Hope” e que em sua frente tem uma placa de agradecimento a generosidade do Brasil. Foram $800 dólares e uma semana para a construção. Tão simples e tão grandioso.“
* Recentemente publicamos um post com a lista (do Tripadvisor) dos 10 lugares mais desejados pelos turistas e Siem Reap está entre os 10 mais, clique aqui e confira.
Leticia ainda passou por Phnom Penh e aprendeu melhor a história de genocídio recente pela qual o país passou, bem como pode entender um pouco mais da realidade que vivem as pessoas cambojanas.
Em seguida seguiu viagem rumo ao Vietnã.
Vietnã
Também de ônibus do Camboja para o Vietnã rumo a cidade de Ho Chi Minh, onde pode conhecer a imensa rede de túneis subterrâneos que foi construída durante a Guerra do Vietnã e depois seguiu pelo litoral parando em algumas cidades até chegar ao norte do país, onde faria o terceiro trabalho voluntariado na cidade de Hanoi.
Já faziam meses que estava na estrada e neste trabalho voluntário a recompensa foi luxuosa: uma cama e um chuveiro quente.
Em Hanoi Leticia dava aulas de inglês para adolescentes e adultos.
“Eles eram super atenciosos e adoravam me levar para passear pela cidade. Me levavam em pontos turísticos, em restaurantes para comer coisas estranhos e até na casa deles. Não sei quem se divertia mais, se eu com eles ou eles com a professora branquela que não conhecia nada.“
Abaixo um relato da Leticia lembrando um dos momentos mais marcantes de toda a sua viagem.
“Minha viagem terminou com uma surpresa muito boa, que foi a Mama Lilly. Durante uma visita a uma cidade chamada Sapa – que fica numa região montanhosa a 10h de trem de Hanoi – eu a conheci na rua, ela faz parte de uma minoria étnica (H’Mong) e faz tours com os turistas, além de vender artesanato. Andamos cerca de 3 horas para chegar na sua casa, onde conheci os 5 netos dela, 4 meninas adoráveis e um bebe lindo. Eu senti a necessidade de ajudá-la e me ofereci para ficar 1 semana ali ensinando inglês para as crianças e pagando pelas minhas despesas. Mama Lilly brilhava de alegria e mal conseguia acreditar. Ela aprendeu inglês pela necessidade de sobrevivência, sozinha, na rua, com os turistas e sabe que o futuro das crianças depende da língua inglesa, para que possam trabalhar com turismo também. Foi uma semana INESQUECÍVEL. Até hoje quando lembro delas o meu olho se enche de lágrima. A menina mais velha, a Si, era muito próxima de mim e no último dia eu comprei uma bota de inverno para ela, pois via que estava sempre de chinelo de plástico rasgado. Eu sei que foi uma coisa muito pequena, mas também sei que ela vai pra sempre lembrar de mim, não só ela, mas as outras crianças também, porque sei que vão passar a bota uma para a outra conforme forem crescendo. Hoje, uma das minhas maiores vontades é voltar lá para reencontrá-las.“
Para fechar a viagem com chave de ouro, Leticia ainda fez um passeio incrível em Halong Bay.
Quase 3 anos após essa longa jornada Leticia está em vias de colocar “no papel” seu próximo projeto.
O livro “Do for Love”.
“O livro é intenso e inspirador, um reflexo fidedigno dessa jornada de 6 meses pelo Sudeste Asiático.
Essa história vai muito além de simples relatos de viagem. Eu trago todos os meus medos, superações e motivações a tona. Me exponho, por que acredito que isso nos aproxima como seres humanos. E com isso tenho a intenção de incentivar e inspirar pessoas a acreditarem na sua própria verdade, ignorando o que a sociedade ou nossas crenças nos impõem. Eu decidi realizar esse projeto porque eu não me conformava em ter uma vida banal. O que a sociedade me oferecia, não era o que me preenchia. Eu queria mais. Eu queria um propósito que refletisse positivamente na vida das pessoas.“
Para realizar mais esse sonho Leticia conta com um projeto de crowdfunding no qual pode ser ajudada com a colaboração e doação de seus leitores e seguidores.
Você pode acompanhar o progresso no site: https://www.catarse.me/doforlove
A meta já foi atingida, e o livro vai sair do papel, mas você pode continuar colaborando, o valor que exceder a meta será utilizado para a realização de lançamentos em diversas capitais.
Leticia Mello.
Parabéns pelo seu lindo trabalho.
Para quem quiser acompanhar a Leticia, segue seus contatos.
http://www.doforloveproject.com/
https://www.instagram.com/doforloveproject/
https://www.facebook.com/doforloveproject
E você? Se inspirou? Faça por amor e #VaiMesmo!
Por:
@fabitohenrique
“Viajar é a única coisa que você compra e te deixa mais rico.“
#VaiMesmo!
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